quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

6ª produção

O MESTRE
de Ionesco
e
OS MALEFICIOS DO TABACO
de Anton Tchekhov

O Mestre
Opinião de um dos actores
Fazer teatro, ou mesmo ver teatro, era coisa que ainda há pouco mais de dois anos não me entusiasmava. No entanto a partir da altura em que integrei o CITEC, comecei a verificar que o “teatro” era algo de fantástico e que podia ser bastante diferente daquele que até aí me fora dado ver, especialmente na televisão.
Comecei, eu e todos os que entraram na mesma altura, uma preparação de uma série de coisas directamente ligadas à criação teatral, a que se chamou a nossa iniciação teatral. Mas todos nós éramos bastante jovens e queriamos era passar de imediato à prática, após algumas semanas de exercícios variados, escolhemos uma peça para se começar a ensaiar.
Todas, ou quase todas, as opiniões recaíram no “MESTRE” de Ionesco, peça em que víamos um conteúdo político satisfatório e significativo para a altura. Esta peça estava proibida pela censura, mas continuou-se a trabalhar nela porque podia revestir-se de uma crítica assaz mordaz a algumas individualidades do sector político e religioso do momento, o que era estimulante.
Desde já, nesta minha primeira experiência teatral é de salientar o espirito verdadeiramente democrático que se verificou ao longo de todo o trabalho, quer na escolha da peça, quer escolha dos personagens ou dos textos a introduzir, o que fez desenvolver entre nós todo um espirito de camaradagem livre e franca. Tivemos um longo período de ensaios que rondou quase um ano, mas isto não nos quebrou a vontade de fazer teatro. Finalmente chegou o dia da estreia que para maior gosto nosso foi precisamente a Semana de Teatro que o CITEC promoveu pela primeira vez em Montemor (Agosto de 1974).
O nervosismo apoderou-se de nós durante a tarde daquele dia, pois naquela noite todos íamos pela primeira vez enfrentar o publico, era invulgar. Finalmente as luzes do palco acenderam-se e eu vi-me diante do público, parece que me senti só e esqueci do que estavam a fitar, e o meu papel e os gestos começaram afluir quase normalmente. Porém, o nosso nervosismo viria a traduzir-se no tempo que demorámos a fazer este espectáculo. Estava programado para durar 75 a 80 minutos, e nós fizemo-lo em 55n minutos.
O público não desgostou e isso foi estimulante, começaram as saídas para fora da vila e de espectáculo para espectáculo sentia-me cada vez mais a vontade, paralelamente novos conhecimentos fui adquirindo.
Num balanço final de que foi a minha primeira experiência, posso dizer que se revestiu de dois aspectos: libertação de complexos ou desinibição e aquisição de um verdadeiro espirito de camaradagem de grupo.
Junho 1975
Luís Manuel



Os Maleficios do Tabaco
O espectáculo era composto por duas peças, com um intervalo. Na segunda parte era apresentada uma versão de "OS MALEFICIOS DO TABACO" de Anton Tchekhov.
Ficha técnica
Estreia em 20 de Agosto de 1974
Participaram como actores:
António J. Barbosa, António Jorge, Carmina Barriga, Deolindo Pessoa, José António, José Leal, José Maurício, Luís Manuel, Maria do Céu, Maria S.José, Marilia Oliveira e Rosa Oliveira.

Montagem, Som e Luz:

António Melanda, António Oliveira, Joaquim Argel, José Maurício


Colaboração:
Henrique Palma, Maria da Luz, Miguel Leitão e Vasco Eloy.


Encenação: Deolindo Pessoa.


Recorte de Jornal

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