domingo, 16 de dezembro de 2012

46ª. produção

TRIBUTO A PINTER
A decisão de se realizar um tributo a Harold Pinter nas comemorações dos 40 anos do CITEC, entre 25 de Julho de 2010 e 25 de Julho de 2011, com a montagem de três peças, para além da importância do autor que foi prémio Nobel da Literatura em 2005, prende-se também com o facto de no mesmo ano ele fazer 80 anos. Mas resulta também do facto de ter sido um dos autores que constou do primeiro reportório que se elaborou para o CITEC, com a peça O Monta-Cargas na tradução de Luís de Sttau Monteiro.
O projecto de três peças de Pinter para três encenadores, acolheu as escolhas de Deolindo Pessoa, Pedro Carraca e Pompeu José, os encenadores convidados, que propuseram os textos “O Amante”, “Victoria Station” e “Cinza às Cinzas”, respectivamente.
Constrangimentos económicos ditaram o adiamento da estreia, o que determinou dificuldades em conciliar agendas. Assim, no Teatro Esther de Carvalho, em Montemor-o-Velho, no dia 18 de Fevereiro de 2011, estrearam em conjunto “O Amante” e “Victoria Station”, mas que podiam ser apresentadas em separado.
O AMANTE de Harold Pinter
(...) O texto é uma incursão no labirinto das relações eróticas, mas também da solidão e do medo que se esconde atrás de uma máscara irónica ou agressiva, onde as suas personagens são incapazes de se compreender e de se encontrar. É um conflito que decorre num registo com elegância e um humor seco, no nível de uma comédia subtil e íntima. (...)
Nesta produção para além das provocações ao casamento, dos jogos eróticos, da ambiguidade dos diálogos e das acções, procurou-se entrar na vida das pessoas, nas suas fantasias e nos seus pequenos desejos, ultrapassar a barreira sentimental, a linha do amor e a relação sexual. Porém, brincamos com o fogo e podemo-nos queimar.
Quando se opta por uma perspectiva mais íntima, se joga na diferença de idades e na proximidade que arrisca antever os olhares indiscretos como grandes planos, que captam o pulsar das emoções na busca duma comunhão entre actores e espectadores, só nos restava conceber o espaço cénico como um plateau num estúdio cinematográfico.
Cada acção contém diferentes sequências e cada sequência é formada por um conjunto de planos, e a nossa aspiração é que cada espectador possa escolher o melhor plano para registar as aparentes normalidades e os jogos deste casal, bem como se ser amante será só uma questão de sexo.
in programa
Encenação: Deolindo Pessoa
Interpretação: Carlos A. Cunha, Joana Macias e Capinha Lopes
Cenografia: Zé Tavares
Música original: Luis Pedro Madeira
Desenho de Luz: Nuno Patinho
Construção da cenografia: José Pedro Noronha
Produção: Vasco Neves
Gravação de ensaio

VICTORIA STATION de Harold Pinter
(...) Do Pinter, autor sobre o qual já trabalhei algumas vezes, escolhi a "Victoria Station". Peça pequena de 25 minutos, sobre dois homens. Um taxista (Cação) e o seu interlocutor na central (Nuno). Dois homens sós, que falam fechados nos seus mundos, sem demonstrarem o mínimo interesse no universo do outro e que, no entanto, desta troca de palavras, acabam por criar uma dependência mútua da qual não nos apercebemos da razão. É uma peça sem respostas, que, com o avançar da acção, só traz mais perguntas. Desde a razão de ser desta relação, que pode ir desde a necessidade de ser escutado a um desejo de escape assassino sobre o outro. Até um final que nos faz ficar a desejar saber mais, mesmo sabendo que a continuação só nos ia trazer mais perguntas.
Quis que esta peça fosse, não uma imposição da minha visão sobre ela, mas sim uma conversa com os actores. Que o importante não fosse uma marcação rígida, mas sim um profundo conhecimento das possibilidades de intenção do texto. Que isso permitisse ao Nuno e ao Cação estarem à vontade dentro das linhas estudadas, escolher durante a representação do cada dia qual a intenção e a reacção que melhor se adequa àquele momento. Que fosse o espectáculo também uma conversa entre duas pessoas, que sem revelarem os seus intuitos podem insinuar e alterar o rumo daquilo que à partida parece mais óbvio.
E portanto conversámos muito. E que prazer isso foi.
Pedro Carraca
Encenação: Pedro Carraca
Interpretação: José Cação,Nuno Castilho e Andreia Teixeira
Cenografia: José PedroNoronha
Desenho de Luz: Nuno Patinho
Produção: Vasco Neves

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