domingo, 24 de março de 2013

49ª produção

SONHOS SALTEADOS
É uma sopa absurda, feita em lume brando com humor negro, condimentada com palavras de Mrozeck, uma pitada de Almada Negreiros, um cheirinho de Mário-Henrique de Leiria e uns temperos a gosto.
A servir, onde haja quem queira sonhar.
A acção decorre num hospício, na actualidade, com três personagens que apresentam pensamentos delirantes e vivem momentos de tensão e de crise, onde o real e o irreal se cruzam constantemente.
Os três personagens têm o hábito de ouvir rádio, que será mesmo uma das suas obsessões. O rádio será o elemento que estabelecerá a ligação entre eles.
A Cartomante vive numa contradição, pois considera-se capaz de predizer o futuro através das cartas, mas não conseguiu antever o que aconteceu ao seu filho. Este é o seu conflito. E agora a realidade parece mesmo que se obstina em a contrariar, o que a deixa bastante furiosa.
O Escritor sempre sonhou dominar bem a palavra, escrever sobre todos os grandes temas da vida e o que está na ordem do dia. Escreve numa máquina antiga, mas a sua obsessão termina em folhas amarrotadas no cesto de papéis.
O Pianista foi um menino-prodígio que estudou piano, mas os seus sonhos não se concretizaram, vive enredado neles e em memórias. Cruza momentos de profunda apatia com outros de grande euforia.

PROCESSO
O processo de criação do espectáculo não foi kafkiano, mas também não foi o mais usual: partir de um texto dramático previamente existente.
O ponto de partida foi o de criar um espectáculo em que o absurdo e o humor negro fossem marcantes, recorrendo a textos de autores que pudessem ser adaptados a diferentes acções teatrais a desenvolver.
Começou por ser um processo a três, com a primeira sessão de trabalho em 27 de Setembro de 2012, e que depois foi recolhendo várias cumplicidades. E durante o mês de Outubro foi tempo de pesquisa teatral, de improvisação, de preparação, de jogos teatrais e de criação das personagens.
As três personagens ficaram definidas: um homem que sonhou ser músico, uma mulher sonha ser cartomante e outro homem que sonha ser escritor. Para apoio na construção destas personagens foram referenciados, entre outros, os seguintes filmes: “Voando Sobre um Ninho de Cucos” (1975), “Shine – Simplesmente Genial” (1996) e “Uma Mente Brilhante” (2001).
O mês de Novembro foi o tempo de concretização do texto dramático, criado a partir de textos breves de diferentes autores, que foram sendo trabalhados pelos actores. No final Mrozeck foi o autor que prevaleceu, pois foi o que melhor se adaptou aos diferentes tipos de sonhos das personagens, bem como às suas obsessões, pesadelos e delírios.
Em Dezembro começou o trabalho de aprendizagem do texto e do jogo teatral, que usualmente se designa por fase de ensaios, com duração de seis horas, de segunda a sexta-feira.
Este foi o processo de criação do espectáculo que agora se apresenta.
O nosso voto é que quem o veja possa sentir tanto prazer como quem o construiu.
in Programa

Ficha técnica
Criação e Direcção: Deolindo L. Pessoa, a partir de textos de Mrozeck
Interpretação: Capinha Lopes, Carlos A. Cunha, Deolindo L. Pessoa e Judite Maranha
Desenho de luz: Nuno Patinho | Sonoplastia: Jaime Bingre | Emissão de rádio: João Capinha | Cartaz: Zé Tavares | Fotografia: Jorge Valente | Costureira: Né Pessoa | Operação técnica: Hugo Maranha, José Pedro Sousa e Pedro Pardal | Direcção de cena: Capinha Lopes | Montagem: José Pedro Sousa e Vasco Neves
Produção executiva: Henrique Maranha e Vasco Neves
Estreia: 25 de Janeiro de 2013.
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quinta-feira, 7 de março de 2013

48ª. produção

A NOSSA FLORESTA
Uma história que como um sonho segue a sua própria lógica. Três actores, manipuladores de marionetas, abordam de maneira absurda e poética a temática do tempo: numa floresta uma criança conduz os sonhos e os medos. Três homens à procura "de um encontro de vida e de morte" e uma advinha por resolver.
Este espectáculo propõe várias leituras e interpretações possiveis. Partindo dos nossos medos de adulto e de crianças que fomos, e dos nossos sonhos de ontem e hoje, abordamos a noção de passagem, de impertinência que a vida tem, tanto na natureza como no humano. E falamos também dessa grande vida eterna, pela qual todos passaremos. Abrir com humor e poesia, de uma forma doce, a interrogação sobre o que é o tempo.
Patrick Murys

Direcção de Patrick Murys
Interpretação: Carlos Cunha, José Cação e Nuno Duarte.
Marionetas e Figurinos: Sandra Neves
Iluminação: Nuno Patinho
Cenografia: José Pedro Sousa
Fotografia: Huni Patinho
Produção: Vasco Neves
Estreia: 4 de Maio de de 2012, no Teatro Esther de Carvalho.