de Tankred Dorst
(…)
No período subsequente houve imensas dificuldades em estabilizar um núcleo duro de pessoas para um trabalho regular, devido à grande hemorragia de jovens, que permitisse um crescimento artístico de forma sustentada e consistente. Foi um sonho sempre perseguido mas frequentemente adiado nesta fase. Daí que projectos como a segunda tentativa de montagem de “À Espera de Godot” de Samuel Beckett, ou de “O Pedido de Casamento”, “O Urso” e “O Aniversário do Banco” de Anton Tchekov tenham falhado. Mas a clara aposta na formação dos elementos do grupo manteve-se inalterável, bem como na escolha de um repertório digno dos objectivos traçados.
(…)
* Excerto de “Contributo para a História do CITEC – Montemor-o-Velho (1970-1974)” publicado na Revista Monte Mayor, editado pelo CMMV
Elenco: António Oliveira, Deolindo Pessoa e Henrique Milheiro
Voz off: Marilia Oliveira
Montagem, Som e Luz: António Melanda, Carlos Alberto Cunha, Francisco Morais Jorge, Joaquim Argel, José Maurício, e Miguel Leitão
Encenação: Deolindo L. Pessoa
Estreia: 29 de Julho de 1973.
Foi a primeira vez que interpretei uma personagem teatral, com esta peça “A Curva” de Tankred Dorst. A princípio pensava que não tinha jeito nenhum para representar, mas dado que o elemento a quem inicialmente foi distribuído o papel que desempenho não o podia fazer, fui levado para esta experiência nova e não há dúvida que ao fim de algum tempo perdemos todos os complexos e ficamos mais ricos culturalmente.
Demorámos cerca de um ano a ensaiar esta peça (aos fins de semana é claro) e já andamos a representá-la há perto de dois anos e ao fim deste tempo encontro-me também um tanto saturado. Penso que se tenho começado por um papel menos importante, isto é, mais pequeno, porque em teatro tudo é importante (actores secundários, carpinteiros, electricistas, ponto, etc.), talvez não me saturasse assim tão facilmente.
Com isto não quero dizer que abandonei totalmente o teatro amador, continuo a dar-lhe toda a minha colaboração, mas não como actor e sim noutras tarefas que lhe são inerentes.
Quanto ao conteúdo da peça, julgo que é actual (…), tanto mais que pretendemos mostrar às pessoas que o que está mal pode ser transformado para bem de todos. Se porventura não conseguimos que seja claro esta intenção, é porque houve falhas na nossa representação (...). O diálogo final com as pessoas que assistem aos nossos espectáculos é fundamental, para elas e para nós, porque os reparos que nos são feitos servem para aperfeiçoar a nossa representação e capacidade de intervenção.
António Oliveira (Junho de 1975)
Sem comentários:
Enviar um comentário